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EL CAMINO - CINEMA DE VIAGEM DA AMÉRICA DO SUL

CCBB Brasília: 18 de abril a 7 de maio de 2023.

CCBB Rio de Janeiro: 31 de maio a 19 de junho de 2023.

CCBB São Paulo: 12 de julho a 7 de agosto de 2023.

A mostra "El camino - Cinema de viagem da América do Sul" traz um apanhado histórico dos filmes de viagem realizados na porção sul do continente americano desde a década de 1960 até os dias atuais. A programação reúne filmes de 9 países nos quais os deslocamentos geográficos estão no centro das narrativas, em trajetórias que conectam as transformações das personagens às mudanças na paisagem social. A recorrência do road movie nos cinemas sul-americanos é reveladora daquilo que é específico a esses países vizinhos, sublinhando as semelhanças e diferenças nas formações de território e identidade nacional. 

 

Serão exibidos 19 filmes, sendo 15 longas e 4 curtas, realizados em nove países: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Bolívia, Chile, Colômbia e Venezuela. A programação é inteiramente gratuita e inclui ainda debates e oficinas presenciais, além de um catálogo online.

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A mostra se guia por um conjunto de questões: que países são esses que vemos em tela? De que maneira esses filmes constroem imaginários que reafirmam, ou questionam, símbolos nacionais anteriores? E como apresentam novas formas de filiação entre indivíduos, coletivos e territórios? Cada obra responde a essas questões à sua maneira e o interesse da mostra está em captar tais ressonâncias. Torna-se importante dar um passo atrás, entendendo o cinema de viagem como devedor de um longo histórico em uma consolidada tradição de literatura de viagem, europeia de origem, compartilhando com ela uma narrativa sem final definitivo, de estrutura episódica e temporalidade variável; ora cronológica, como nos travelogues, ora suspendendo a própria noção de tempo. Tanto na literatura quanto no cinema, ela tem o potencial de ser uma ferramenta potente de crítica social. Da forma que se concretiza nos cinemas sul americanos pós 1960, esse gênero também evidencia certa crise do que ali é próprio à era moderna e aos ideais específicos de progresso; seja pelos avanços desse modelo de desenvolvimento, seja pelos inúmeros problemas que desencadeia, da pobreza e do esquecidos na contabilização do todo enquanto estado-nação unificado. 

 

Ao reunir cinematografias distintas sob um escopo cronológico amplo, a mostra realiza um duplo movimento: a um só tempo, diferencia e aproxima os cinemas de países vizinhos, evidenciando suas semelhanças e diferenças. A programação funciona como uma via privilegiada a fim de revisitar a nossa própria filmografia brasileira, bem como indagar sobre os pressupostos que fundam as chamadas identidades nacionais nesta porção singular do continente americano.

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SOBRE A CURADORIA

 

A curadoria foi pensada a partir de 5 linhas de força que permitem criar agrupamentos entre os 19 filmes exibidos. A primeira linha reúne obras realizadas a partir da década de 1960 que lidam filmicamente com as contraditórias idéias de povo e nação: Vidas secas, Iracema - uma transa amazônica (Brasil), Os Inundados (Argentina), Os vampiros da miséria (Colômbia), A dupla jornada (Brasil). 

Já o segundo inventário traz o drama de indivíduos em relação a representações de coletivo em suas diversas raízes étnicas e políticas, como em Noites Paraguayas (Brasil/Paraguai), A nação clandestina (Bolívia), A terra prometida (Chile), Pachamama (Brasil/Bolívia/Peru) e Carlos: cine-retrato de um andarilho em Montevidéu (Uruguai). 

Já o terceiro grupo lança mão de recursos do cinema fantástico e jornadas psicológicas, reconfigurando não só as cartografias de territórios como a própria noção de identidade: Brasil Ano 2000, Sonhos de gelo  (Chile), A viagem (Argentina) e As filhas do fogo (Argentina). Um quarto grupo pensa trajetórias transnacionais de povos originários por meio de Recriações de territórios indígenas perdidos, algo evidente em Serras da desordem, Tava - a casa de pedra (Brasil) e Zama (Argentina). Por fim, na lida com questões fruto dos  processos coloniais da diáspora africana, a quinta linha agrupa curtas de teor auto-representativo que fazem viagens rumo aos continentes Africano: é o caso de NoirBlue e (Outros) fundamentos (Brasil). 

Carla Italiano e Leonardo Amaral

Curadores

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